O serviço estava previsto para começar a funcionar em setembro do ano anterior, mas foi adiado devido a problemas enfrentados pela empresa responsável, que está sendo investigada por suposta conexão com uma facção criminosa. Após uma denúncia do Ministério Público e uma determinação judicial, a SPTrans assumiu a operação.
O serviço de transporte público Aquático SP, que utiliza barcos na Represa Billings, Zona Sul de São Paulo, começou a operar nesta segunda-feira (13).
Inicialmente, o sistema está operando parcialmente, das 10h às 16h, sem cobrança de tarifa e com capacidade reduzida. A ampliação dos horários e do número de viagens será implementada de forma gradual.
A embarcação conecta o Parque Mar Paulista Bruno Covas, em Pedreira, ao Terminal Cantinho do Céu. Atualmente, o percurso de 15 km leva 1h30 de carro ou ônibus. Com o transporte hidroviário, a rota será reduzida para 5 km e a duração para 30 minutos.
A inauguração estava prevista para 28 de março, mas foi impedida pela Justiça dias antes, devido a um pedido do Ministério Público (MP-SP), que alegou a ausência de estudos de impacto ambiental adequados para um projeto lançado rapidamente em ano eleitoral.
Em 14 de abril, o Tribunal de Justiça (TJ-SP) autorizou a inauguração após recurso da prefeitura contra a decisão de primeira instância.
Originalmente, a empresa Transwolff deveria operar o serviço. Contudo, devido à investigação por ligação com uma facção criminosa, a prefeitura assumiu a operação, beneficiando cerca de 385 mil passageiros das regiões de Grajaú e Cantinho do Céu.
Investigação Criminal O Aquático SP estava programado para iniciar em 30 de setembro de 2023, mas foi adiado três vezes pela Transwolff, operadora de parte do transporte público no extremo sul da cidade.
Desde o ano passado, houve pelo menos três adiamentos até que o Ministério Público conseguiu uma liminar judicial impedindo o início do serviço.
A liminar foi concedida antes da operação do Ministério Público na semana passada, que revelou a Transwolff como uma ferramenta para lavagem de dinheiro do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC).
A operação “Fim da Linha” prendeu executivos da Transwolff e da UPBus, acusados de envolvimento com o crime. Em resposta, a Prefeitura de São Paulo nomeou dois interventores da SPTrans nas empresas, que agora são operadas pelo poder público municipal, conforme determinação judicial.
Com quase 1.200 ônibus na frota, a Transwolff opera 100 linhas de ônibus na cidade, transportando aproximadamente 700 mil pessoas diariamente.
Por meio de um aditivo contratual com a SPTrans, sem licitação, a Transwolff recebeu o direito de operar o Aquático SP no extremo sul.
A SPTrans informou que a operação do sistema hidroviário já estava prevista no edital de licitação de 2019, quando o contrato atual com as concessionárias de ônibus foi assinado.
Em 2023, a empresa recebeu R$ 748 milhões da prefeitura para a prestação de serviços de transporte de passageiros nas linhas operadas na Zona Sul.
Histórico de Atrasos Ao lado do governador Tarcísio de Freitas, o prefeito Ricardo Nunes prometeu a implantação do transporte na Billings até fevereiro.
O Aquático SP deveria ter começado a operar até 30 de setembro do ano passado, mas a data foi adiada para dezembro.
Em janeiro, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) postou um vídeo ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) garantindo o início da operação para o final de fevereiro.
No início de março, Nunes afirmou que os barcos começariam a operar no final daquele mês.
“[O novo prazo é] até o último dia do mês de março. Nós tivemos problemas com relação às licenças e é natural que aconteça isso [atraso]. Mas a gente vai adequando e não está, assim, tão fora do nosso cronograma”, disse Nunes.
“Será um transporte importante. Quem sai do Grajaú e pega as avenidas Belmira Marin e Teotônio Vilella, para se dirigir a Santo Amaro, gasta, dependendo do horário, mais de uma hora. Com o barco, essa viagem será feita em 15 ou 17 minutos. Vai melhorar muito a qualidade de vida dessas pessoas, permitindo mais tempo com a família”, declarou o prefeito na época.
No entanto, a promessa foi adiada novamente devido à liminar obtida pelo Ministério Público do Meio Ambiente, que suspendeu o início da operação.